TEU NOME É MULHER
Quando nasci em pleno Inverno
O mundo torturado por injustiças e infâmias
Meus familiares inconsequentes lamentaram
Para tristeza e revolta de minha mãe:
Mas, mais uma menina na família!!!
Será que não poderia nascer um varão.
Entretanto, até me considerei com sorte
Se tivesse nascido na China ou Índia
Teria grandes possibilidades de me matarem.
No jardim de Infância e alfabetização
Quando tentava brincar com os meninos
Era sempre afastada sem contemplação
Isto não é brincadeira de menina!!
Retirava-me com lágrimas nos olhos pela rejeição
Na adolescência via os jovens do sexo oposto
Poderem ir para onde quisessem livremente
Enquanto, a mim era negado o direito de sair
Sem que alguém me acompanhasse
Não fosse eu me perder na noite
Ou namorar quem meus pais não queriam
Pois mulher era descriminada a vida inteira
No dia do meu himeneu, como nas lendas
Como nos sonhos, do céu uma estrela desceu
E toda a terra tremeu. Eu era a noiva única
Romântica e suave, suave em tudo
Como a virgem Maria entre os Anjos
Como a lua em noite estrelada
A estrela cadente falou: Sem ti a terra é estéril
Nenhum ser humano nascerá
Enquanto na festa todos se divertiam
Encostada na parede, sozinha, como um lírio
Senti meu coração se encher de amor
Vindo dos raios de luz dessa estrela
Da minha estrela guia, que desceu em mim
Me iluminou, abraçou e penetrou em meu ser
Vem comigo para as alturas doce donzela
Espalhar vida pelo universo!!!
Teus cabelos enfeitarei de estrelas
Viveremos eternamente no céu infinito,
E nossa será a luz de todas as galáxias.
Ela escuta docemente a luz do astro falar
Com tristeza diz. Este planeta é meu lugar
Meu pai é a pujante natureza
Minha mãe o imenso e profundo mar.
Nasci sob a estrelas favoráveis ou adversas
Sou a doadora da vida. Se todos os homens
Perecessem outros homens nasceriam
Embriagada pelo amor, sou a mãe da humanidade
Embalei com doçura os pobre camponeses
Alimentei o espírito de cientistas e descobridores
Em meus braços de mãe um novo mundo se formou
Do meu ventre nasceram libertadores,
Navegantes, Santos, heróis e conquistadores
Quando eu morrer, outras mães nascerão
Porém no vento que agita os ramos das árvores
Ficará minha voz eternamente imortal.